Está pensando em seguir a carreira em engenharia no setor público mas tem dúvidas de como funciona o processo, como e o que deve estudar? Abaixo, uma entrevista com o professor Alysson Mazoni, destacando alguns pontos importantes que o candidato tem de se atentar na hora de se preparar para as provas. Confira:
tabela comparativa
Como é um concurso público para cargos de engenharia?
As provas, em geral, são de 4 ou 5 horas de duração, com 6 ou 7 dezenas de questões. Isto exige que se escolha bem no que investir tempo e energia. Além disso, não pode haver muita hesitação. Uma solução longa não é uma solução de compromisso interessante. Sempre há um raciocínio direto.
O que se deve estudar?
Em geral, os concursos cobrem uma grande gama de assuntos do curso de graduação associado ao cargo. É preciso ter uma formação ampla, não adianta acertar algumas questões de um assunto só. Caem coisas de disciplinas que, muitas vezes, você só estudou uma vez na vida, há vários anos.
Há algum assunto em maior evidência?
Não diria que há assunto em maior evidência entre os selecionados no edital. Porém, existem em todas as provas maneiras preferenciais de cobrar os assuntos. Isto é definido pelo estilo da banca organizadora. É sempre bom lembrar que as provas tentam cobrar os assuntos pelas suas ideias centrais e não na forma de longas análises, como em provas de graduação. O que não significa que são superficiais, mas cobrarão consequências detalhadas sem a longa análise que a antecederia. Por exemplo, uma questão de vibração mecânica de vários graus de liberdade pode cobrar detalhes de como os modos de vibração são descritos, sem que você tenha de (ou tenha tempo para) calculá-los.
Em questões de circuitos elétricos, é comum apresentar um circuito complexo em que se pede uma grandeza que pode ser obtida rapidamente por uma versão simplificada do problema, sem usar leis de malhas e nós.
É importante ter estudado muito na graduação?
Ser bom estudante sempre compensa. Rigorosamente, quem se envolve tempo suficiente na engenharia percebe que só não se usa o que não se sabe, pois o caráter dinâmico da engenharia moderna sempre nos apresenta situações fora da nossa região de conforto e experiência. Mas acredito que o concurso tem um efeito democrático de nivelar as pessoas pela capacidade de observar as ideias centrais de um assunto de um ponto de vista muito objetivo, obrigando a pensar sobre muitos conceitos distintos dessa forma ágil. Com todas as limitações que pode haver, é um contexto que permite que se possa ser direto e cobrir a distância de uma formação com brechas, estudar e vencer os problemas, mesmo com um passado de fraco desempenho escolar.
Algum método de estudo é mais apropriado?
Costumo dividir o estudo em três abordagens principais. Uma delas é o estudo hierarquizado e aristotélico das coisas. Como se faz na academia. As teorias são construídas ordenadamente na cabeça usando livros, projeto e discussões. É um estudo de formação e não muito apropriado para os concursos. Em geral, só funciona com pessoas que são excelentes estudantes e sabem olhar uma prova anterior e dizer exatamente onde estão esquecendo algo ou onde falta reforçar alguma ideia. Poucos conseguem fazer isso sem perder muito tempo. Em uma segunda instância, podem-se usar resumos de disciplinas e aulas e atacar os itens das provas e editais de concursos, olhando para essas disciplinas resumidas com uma abordagem prática. Isso é muito semelhante à ideia da coleção Schaum de livros. Em um terceiro caso, mais objetivo e que se aplica com restrições maiores de tempo, usam-se provas disponíveis e problemas no formato das provas para construir a base mínima de ideias para desenvolver o conhecimento.  Isso é feito por resolução de provas, simulados e gerenciamento do tempo gasto em cada item. Isso exige conhecimento dos concursos ou orientação por quem os conheça. Uma pessoa pode, inclusive, ter abordagens diferentes para assuntos distintos ou mesmo migrar de uma forma para outra, conforme aprende. Tudo isso depende do conhecimento das próprias limitações.

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